Você compraria de uma pizzaria que alegasse, entre seus diferenciais, “ser mais tecnológica”?
A pergunta pode parecer estranha, mas já há negócios tradicionais olhando para a tecnologia como forma de gerar mais satisfação nos consumidores que vivem colados ao smartphone – e, claro, também como forma de cortar custos empresariais.
Investir em inovações no atendimento, no preparo dos pedidos e na organização de suas pizzarias foi a receita para a rede Bella Capri abrir 30% mais lojas do que o esperado no último ano.
Pizza tecnológica
O primeiro passo foi dado em 2010, com a centralização do estoque e sede de entrega de matéria-prima. “Nosso operador logístico de abastecimento era descentralizado. “Tiramos inspiração de grandes redes de fast food e decidimos fazer tudo partir de apenas um local”, conta Guto Covizzi. No ano seguinte, a Bella Capri se inspirou novamente no fast food, olhou para dentro dos restaurantes e trocou os pedidos “cravados em um espeto” por monitores.
A melhora dos processos de entrega da matéria-prima e de produção fez com a pizzaria inaugurasse um modelo Express de franquia em 2013, além do tradicional Restaurante. O formato é ideal para pontos com menos espaço, como lojas dentro de postos de gasolina. Hoje, o modelo focado em atendimento rápido representa metade do volume de pedidos da Bella Capri.
O novo formato pediu ainda mais agilidade. Os monitores viraram tablets – cada pizzaiolo pode ver quais ingredientes vão nas próximas pizzas que deve cozinhar, por meio de um software de gestão.
“A maioria dos funcionários são formados nas próprias franquias, e a descrição dos ingredientes no tablet é um facilitador para esse treinamento. Além disso, serve como substituto do manual físico para controlar e padronizar a montagem dos alimentos”, afirma Guto.
Tal otimização fez com que a pizzaria adotasse como diferencial as pizzas prontas em até 10 minutos. A massa é aberta em 30 segundos; os ingredientes são colocados em um prazo de 40 segundos até 1 minuto e 40 segundos, dependendo do sabor; 4 minutos são gastos no forno; e outros 3 minutos vão para o acabamento e para a margem de atraso pela demanda.
Por fim, a última grande inovação da pizzaria foi a criação de um aplicativo próprio para pedidos, que começou a operar em abril do ano passado. A rede já usa serviços como o iFood, mas criou uma aplicação para oferecer uma experiência mais simples ao pedir pizzas e oferecer descontos exclusivos aos consumidores mais fiéis.
“O cliente vê mais benefícios em instalar o app, enquanto o franqueado tem uma redução nos custos de atendimento”, afirma Guto. Isso porque tanto os pedidos telefônicos quanto os feitos pelos apps passam por uma central de atendimento, localizada em São José do Rio Preto – SP, com 50 atendentes. O recebimento dos pedidos aparece uma única tela ao franqueado, reduzindo seu trabalho organizacional.
“Para o sistema de franchising, organização é fundamental. Um candidato à franquia entende que o atendimento e o abastecimento centralizados são sinônimos de controle, qualidade e padronização.”
No final de 2017, o app da pizzaria já representava em média 40% das vendas delivery das unidades franqueadas – algumas lojas possuem 70% de dominância do aplicativo. Em 12 meses, o app teve 40 mil downloads.
Todos esses fatores fizeram a pizzaria superar sua meta de comercializar 20 unidades em 2017. A rede fechou o ano com 29 pizzarias franqueadas e 30 milhões de reais em faturamento.
Para o futuro, a pizzaria investe em um modelo de franquia em São José do Rio Preto chamado Express Premium, que une os serviços de salão com retirada no balcão, delivery e drive-thru de pizza (todos com possibilidade de usar o app). Duas lojas já foram inauguradas no modelo e outras cinco devem ser abertas no próximo semestre. Em 2018, a marca quer chegar a 45 lojas e faturar 45 milhões de reais. É bom a concorrência elaborar novas receitas.