Medidas preventivas podem impedir esse tipo de ação, que traz sérias consequências; melhor defesa ainda é a conscientização.
Com o avanço da tecnologia cresce também o número de cibercriminosos. São golpistas que se aproveitam da vulnerabilidade das vítimas – seja com perfis e histórias falsas para pedir dinheiro, como fake news e deepfakes. A internet está na mira de estelionatários, que enviam links desconhecidos, invadem e clonam as redes sociais, ou roubam dados bancários, entre tantos outros crimes. Proteger as informações ao navegar pela internet e saber reconhecer indícios de fraude contribuem para não cair em golpe. A melhor defesa é a conscientização.
De acordo com o especialista em marketing digital e gerenciamento de redes sociais, Eduardo Thomaello, as principais recomendações para evitar golpes virtuais é implementando ações de prevenção e defensivas à rotina online. Dentre as precauções, é fundamental ter cuidado com os dispositivos de acesso à internet como celular e notebook, mantendo-os sempre atualizados e com um bom antivírus instalado, além de não entregá-los para pessoas ou profissionais que não são de confiança.
Para evitar cair em um golpe, Thomaello alerta que existem informações que nunca devem ser compartilhadas com pessoas desconhecidas, especialmente nas redes sociais, como os dados de documentos pessoais e financeiros como CNH, CPF, RG, cartões de crédito, contas bancárias e senhas, fotos ou vídeos íntimos, imagens, áudios, textos e documentos que possam ser usados por golpistas.
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“É importante ter cuidado com ligações ou mensagens que solicitam dados para executar uma ação, como a de um funcionário de suporte técnico que pede informações pessoais ou para fazer login em um site”, exemplifica.
Outra dica é criar senhas difíceis de serem descobertas e ativar a autenticação de dois fatores para acessar as redes sociais. Para os aplicativos de mensagens como o WhatsApp, o recomendado é ativar o PIN de confirmação em duas etapas.
“Evite fazer login em sites de terceiros usando as suas credenciais do Facebook ou Google, em vez de criar novas informações de login. Isso pode parecer mais fácil e rápido, mas também facilita o trabalho de hackers. A sua data de aniversário é usada para verificação de identidade em vários lugares, o mesmo vale para outras datas importantes, portanto, se possível, remova ou restrinja o acesso a elas”, alerta Thomaello.
O especialista destaca que, ao receber links para clicar, é importante analisar se a fonte é segura e conhecida e se não inclui erros de digitação ou gramática errada.
“Se não tiver certeza, procure pela fonte no Google e entre em contato por meio de uma ligação telefônica ou suporte ao cliente. Mensagens que solicitam ações urgentes, como ‘Sua conta está X dias sem saldo, entre em contato imediatamente’ ou ‘Seu CPF foi cancelado, regularize agora’ costumam ser usadas por criminosos. Vale também desconfiar de ofertas gratuitas e serviços ou produtos com um valor muito abaixo do mercado. Se um negócio parece bom demais para ser verdade, provavelmente é golpe”, destaca Thomaello.
NÃO CAIA EM FAKE NEWS.
Desinformação, rumores e teorias da conspiração se espalham facilmente e circulam a todo o momento na internet, especialmente nas redes sociais e em aplicativos de conversa. As informações falsas, chamadas de “fake news”, costumam se parecer exatamente com notícias autênticas e são produzidas por diversos motivos, afetando negativamente a vida das vítimas.
Outra artimanha utilizada é a “deepfake”, uma tecnologia que usa a inteligência artificial para adulterar imagens, áudios ou vídeos, mudando completamente o contexto da informação com o objetivo de enganar o receptor.
De acordo com a relações públicas especialista em marketing digital e gestão de pessoas, Carla Jorge, os principais impactos de uma notícia falsa são as tomadas de decisões que podem vir a partir dessa inverdade, uma vez que ao divulgá-las e viralizá-las na rede, pode-se colocar em risco a própria reputação, convivência social, saúde mental e até o futuro de outras pessoas que também acreditam e compartilham.
“Muitas vezes, a notícia pode até ser verdadeira, mas quando tirada de um contexto real para prejudicar o entendimento de quem a recebe, acaba ocasionando diversas interpretações equivocadas, o que também gera uma série de problemas tanto para quem a envia quanto para quem a recebe”, diz.
Segundo Carla, a melhor maneira de se prevenir contra as fake news é compreendendo que as redes sociais não são uma fonte confiável de informação, uma vez que são disseminados qualquer tipo de conteúdo. O ideal é checar sites e outros canais de notícias tradicionais, com endereços confiáveis, e que já tenham comprovada credibilidade, como de órgãos oficiais ou veículos de imprensa.
“Na dúvida, para não cair em nenhuma armadilha virtual, vale buscar dados com especialistas nos assuntos abordados e, principalmente, procurar a origem das notícias que deseja divulgar, sejam elas escritas ou em formato de áudio ou vídeo, já que a manipulação de imagens e sons também tem se tornado cada vez mais comuns e perigosas”, adverte. (LV)
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REDES SOCIAIS.
As redes sociais possuem ótimas ferramentas para melhorar a privacidade, por isso é importante revisá-las periodicamente e desabilitar todas as informações que não devem ser públicas, além de mudar o seu perfil de público para privado, tornando as informações visíveis somente para os amigos e seguidores. “Esteja atento com comentários ou curtidas de perfis desconhecidos em suas postagens, pois o golpista pode estar tentando fazer você iniciar uma interação ou troca de mensagens com ele”, explica Eduardo Thomaello.
De acordo com o especialista, existem algumas formas de reconhecer um perfil falso, por isso, dentre as medidas adotadas, uma delas é usar a busca no Google para verificar se o nome e fotos do perfil estão presente em outras redes sociais. “Caso encontre, verifique se as informações do perfil coincidem e se compartilham conteúdos semelhantes. Faça uma pesquisa reversa de imagens no ‘images.google.com’ para descobrir se a imagem do perfil foi copiada de outro local online e desconfie de fotos de baixa resolução, em que não é possível identificar corretamente a pessoa”, orienta.
Outra dica do especialista é com relação à data de criação muito recente da conta. “Perfis ativos há vários anos têm mais chance de serem reais”, diz. Além disso, ele destaca que outra tática é pesquisar os amigos do perfil e comparar se há amigos em comum. Caso haja, é importante questioná-los sobre esse perfil. “Perfis verdadeiros costumam postar fotos pessoais, no trabalho, com a família e amigos. Analise também se essas fotos têm interações como curtidas e comentários de outros usuários igualmente verdadeiros. Perfis com milhares de seguidores, mas poucas curtidas ou comentários nas postagens indicam baixo engajamento e indicam outro sinal de atenção”, complementa Thomaello.
Segundo o especialista, é importante não informar publicamente a localização atual ou futura, pois isso pode revelar onde criminosos podem encontrar o usuário ou quando não terá ninguém em casa. Se a pessoa mora sozinha ou fica sozinha durante certas horas do dia, é importante avaliar a necessidade de tornar privado ou remover a informação de que está solteira nas redes sociais.
“Evite postar fotos com nomes ou detalhes da rotina de crianças, para dificultar esse tipo de informação a estranhos. Outro ponto importante é analisar se é permitido ou prudente postar fotos com detalhes do local de trabalho, pois alguém pode tirar vantagem da informação para ameaçar ou preparar um golpe”, destaca. (LV)
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QUANDO SOLICITAR AJUDA.
Ao perceber movimentações financeiras na conta bancária ou na fatura do cartão de crédito que não são reconhecidas como legítimas, Eduardo Thomaello orienta a vítima a entrar em contato imediatamente com o banco e relatar a fraude solicitando o bloqueio das movimentações.
Segundo o especialista, dados roubados também podem ser usados para abrir contas bancárias, fazer financiamentos e empréstimos. “Monitore as movimentações da sua conta bancária por meio do aplicativo ou SMS e, caso encontre algum indício de fraude, entre em contato imediatamente com o banco. E para monitorar qualquer movimentação financeira indevida, é possível consultar o site registrato.bcb.gov.br”, aconselha.
Outra orientação é registrar um boletim de ocorrência no caso de sofrer algum tipo de perseguição, ameaça ou extorsão após ter interagido com um perfil falso e enviado informações pessoais e financeiras, ou fotos e vídeos íntimos. Registrar a ocorrência é importante para que uma investigação policial seja feita. “Após a comunicação dos fatos à polícia, o inquérito poderá ser instaurado para a apuração da autoria e da materialidade do crime e, uma vez descoberto o autor, será possível processá-lo criminalmente. Em determinados casos, ele poderá também sofrer uma ação de reparação de danos morais e materiais”, destaca Thomaello.
Ao desconfiar que houve interação com um perfil falso, nas redes sociais, é importante denunciar para o Facebook (em facebook.com/help/fakeaccount) ou para o Instagram (em about.instagram.com/pt-br/safety), além de deixar de segui-lo, removê-lo da lista de amigos e bloquear o perfil para revogar o acesso às informações. (LV)